
Há uns anos, pela manhã, em Braga, diz-se que depois de na estação se despedir de um amigo que partia de combóio, foi atropelado na autoestrada que atravessa a cidade como se fosse uma avenida. O corpo caído no asfalto terá obrigado à presença do Delegado de Saúde e do Delegado do Ministério Público, de polícias e de bombeiros e foi, depois, removido para a morgue. Onde somente dois ou três dias mais tarde foi identificado.
Era o Diniz.
O automobilista que o atropelou fugiu e não mais foi encontrado.
Passaram-se precisamente oito anos.
Enquanto beberrico uma aguardente velha, como no tempo em que bebíamos cerveja pelos bares da cidade do Rio dos Bons Sinais, folheio alguns dos apontamentos que me restam – “Os poetas moçambicanos são os mais antologiados do mundo”, disse-me – do projecto que ficou por aí, disperso, em caixas de cartão a que o pó e a humidade generosamente concederam o destino mais certo. Mas reencontrei a fotografia que publico e o poema que - na edição de “O Ritmo do Presságio”, para a colecção “O Som e o Sentido”, da Académica, Lda. (Lourenço Marques, 1974) - o Sebastião Alba dedicou ao Rui Knopfli (página 115, a última):
Como os outrosComo os outros discípulo da noitefrente ao seu quadro negroque é exterior à músicadispo o reflexo. Sou ume baçodou-me as mãos na estreitapassagem dos diaspelo café da cidade adoptivaos passos discordandomesmo entre siAs coisas são a sua moradae há entre mim e mim um escuro limbomas é nessa disjunção o istmo da poesiacom suas grutas sinfónicasno mar.